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sexta-feira, 23 de março de 2012

Minha história, parte 1 !!!

Bom dia, pessoinhas lindas.

Como a Gaby já me apresentou, sou Selena e estou aqui para contar minha história, como é viver ao lado de um DQ (Dependente Quimico). Quero também compartilhar com vocês todas as coisas maravilhosas que a vida nos proporciona e estarei sempre presente para ouvir e assim poder ajudar no que for preciso. Espero que gostem dessa nova fase do blog, estamos aqui para mudar o conceito de muitas pessoas, em relação a terminar um relacionamento com um adicto, muitas vezes somos julgadas e já ouvi muito que se eu o amasse tanto assim, não teria terminado. Por isso, vou explicar o melhor possivel sobre isso e também para aquelas pessoas que ainda julgam os DQ como vagabundos, maloqueiros, etc... Saibam que são pessoas doentes e não pessoas sem carater. A escolha é de cada um, se entregar a esse vicio, leva o ser humano para o pior pesadelo que possa existir e mesmo sabendo que é uma doença, cada um tem o livre árbitrio de dizer sim ou não. Uma coisa que não entra na minha cabeça, é o porque uma pessoa escolhe dizer sim ás drogas, sabendo que vai fazer mal, sabendo que vai se viciar, que vai perder tudo, acabar com a própria vida e com a vida de quem está á sua volta e o pior de tudo, sabendo que não será nada fácil sair dessa vida, por mais vontade que tenha. O mundo está ai para mostrar quantas coisas ruins que a droga causa, não é nenhuma novidade. Por isso, me pergunto sempre o porque daquele ser humano ter escolhido viver dessa maneira. E não obtenho nenhuma resposta, apenas ouvi muitos dizerem que foi por curiosidade. Caramba, tantas coisas para ter curiosidade e a pessoa escolhe logo a pior delas, vai entender o ser humano.

Como já deu para perceber, adoro escrever (rs...).

Agora vou contar um pouco do meu relacionamento com o Davi. Nos conhecemos há 1 ano atrás, no carnaval. Logo de cara gostei dele, lindo demais, todo arrumadinho. Mais como estava em uma outra fase e não queria nada com nada, nem me interessei. Depois de algumas conversas, algumas afinidades, não teve jeito a atração que nos envolvia era tanta que nos beijamos com tanta intensidade, como se aquilo fosse algo de outro mundo. No dia seguinte, ele me pediu em namoro depois de 15 dias juntos, ele me contou que era DQ um adicto (que até então eu não sabia o que era isso) e que estava fazendo tratamento para largar o uso (maconha e cocaina), como já estava apaixonada, nada disso me importou, pelo contrário, fiquei feliz por ele estar se tratando e queria ajudar (pior burrice que fazemos é querere ajudar), ele também tem baixa tolerância para tudo, que com ele o minimo se transformava no máximo, não podia beber, não podia ter dinheiro, se não acabava com tudo em questão de segundos (isso fiquei sabendo um tempo depois) e desde então não nos largamos mais pelos próximos três meses seguintes. Dois meses depois do inicio do namoro, ficamos noivos e um mês depois já estavamos morando juntos. O primeiro mês foi maravilhoso, apesar de morarmos com a mãe dele, tudo estava indo muito bem. Ele trabalhava com o padrasto e ia ao grupo (NA) á noite. Quando chegava, eu arrumava alguma coisa pra ele comer e iamos durmir. Estava vivendo um sonho, ao lado do homem da minha vida. Nos completavamos, era como se um fosse a outra metade do outro. Até hoje digo que ele é minha metade, mesmo escolhendo ser feliz longe dele, ainda o amo com tanta intensidade que muitas vezes, quero sair correndo e dizer pra ele "Vida, eu não te abandonei, estarei aqui sempre, só não posso mais viver ao seu lado, sempre vou te amar!!!" Mais como tudo que é bom dura pouco, começaram as brigas. Brigavamos todos os dias, por bobeira. Mal sabia eu que aquilo era um sinal de que a recaida estava próxima. Uma bela noite, ele saiu pra comprar açai, devia ser umas 22hs e quando a mãe dele chegou ás 23hs, eu estava até durmindo, ela me perguntou dele e eu disse, ela balançou a cabeça e disse que ia tinha ido atrás de droga. Eu não conseguia acreditar ou melhor, não queria acreditar. Ele faz uso há 10 anos e já passou por tudo isso, só nunca foi internado, então sabia exatamente o que fazer e a mãe dele sabia o que estava acontecendo. Nessa noite, fiquei das 23:30hs até ás 1hs sentada na calçada, chorando, esperando ele voltar. Ele chegou em casa, umas 3hs eu fingi que estava durmindo, não sabia o que fazer, ele deitou e durmiu. No dia seguinte, tentei conversar, faltei no serviço pra ficar com ele (sinais de co-dependeência, que eu não conhecia), ele pediu desculpas, perdão e eu perdoei, achando que ia ser só aquilo e tudo voltaria como estava. Doce ilusão, as coisas foram piorando cada dia mais, ele saia quase todas as noites, chegava de madrugada, bebado e drogado. Comecei a ver a realidade de frente, do que é viver ao lado de um DQ. A cada dia as coisas pioravam mais, brigas comigo, com a mãe, escondiamos a chave da moto pra ele não sair. Mais com o tempo, nada mais adiantava, ele havia se entregado novamente ás drogas e não iria sair tão fácil como imaginava. Na minha cabeça, sempre achei que o amor vence tudo, o amor que sentia por ele era tão forte, que pra mim bastaria pra ele parar com isso, ele dizia que me amava, que queria parar, mais que só pararia quando ele quisesse, como se tivesse controle.
O meu lindo conto de fadas, acabou se tornando meu pior pesadelo. Não conseguia durmir, não conseguia comer, minha vida girava em torno da dele, me preocupava se ele estava bem, se havia se alimentado, coisas de mãe, foi isso que virei. Tentei de tudo para fazer com que ele voltasse ao tratamento, ia junto comprar droga no meio da favela, ficava com ele no bar (ele era viciado também nessas máquinas de caça niquel), ele jogava, bebia e cheirava. E eu ali, achando que estava fazendo a coisa certa, apoiar, estar junto, pra mim fazendo aquilo ele iria parar. Deixei de viver, deixei de me amar, esqueci que tinha uma vida pra cuidar, a MINHA. O amor, a dependência, a paixão, cada vez mais aumentava, cada dia que passava ele conseguia me manipular mais e mais (DQ são manipuladores) e eu na inocência de nunca ter vivido aquilo, não percebia que estava tão doente quanto ele. Depois de um mês vivendo do céu ao inferno em questão de segundos, brigamos feio. Ele não tinha dinheiro pra comprar droga e vendeu a aliança, Fiquei péssima com isso, não pelo valor material, mais sim pelo que aquilo representava pra nós. Arrumei minhas coisas e fui embora, voltei dois dias depois, com pedido de perdão e promessas, quantas promessas ele me fez. Ficamos uma semana juntos, mais nada estava normal. Ele jogava coisas na minha cara, me humilhava, era grosso, ignorante. E sempre com a desculpa de que estava doente, que eu tinha que entender o nervossismo dele. Na semana seguinte, brigamos feio de novo e ele me mandou embora. Arrumei tudo liguei pra minha familia, que sabia de algumas coisas e fui morar com minha irmã, depois de uma semana ele me ligou, chorando, pedindo perdão, fazendo promessas, pedindo pra eu voltar. Claro que voltei, era tão dependente daquele homem, que minha vida sem ele não tinha sentido algum, por mais que ao lado dele sofria, sem ele sofria ainda mais. A depedência por um amor, age em nosso cerebro no mesmo local que agem ás drogas. Por isso é tão dificil se libertar, por isso queremos sempre nossa ultima dose, por mais que saibamos que aquilo irá nos destruir. Ficar sem ele pra mim era isso, faltava um pedaço de mim, uma vontade louca de estar junto, mesmo sabendo que aquilo não me fazia bem. Voltamos, todo final de semana eu ia pra casa dele, escondido da minha familia que não queria ver ele nem pintado de ouro. 
Ficamos um mês assim, ele estava mais calmo e queria voltar ao tratamento.
Decidimos ir morar em outro local, no mesmo que nos conhecemos e fomos, porque era ali que ele tinha amigos do grupo, terapeuta, psicologo...
Finalmente tinhamos nossa casa, que eu tanto queria.
Mais como já disse, felicidade dura pouco...

A história não acaba ai, tem mais, muito mais. Logo mais continuo contando o final de tudo isso.

Tenham todos um ótimo final de semana.

Bjokas =^.^=




6 comentários:

  1. ô minha irmãzinha...imagino o quanto tenha sido dolorido, voltar ao passado e escrever tudo isso. Dói, machuca, trás tudo a tona. Mas brincar de fingir que isso tudo não existiu também não dá né.
    Você se desprendeu de um círculo vicioso, uma relaçaõ doentia, e sabe como nos apisionamos nessa relação? Através da culpa. Nos sentimos culpadas por sermos "limpas", por não ajudarmos, por isso e por aquilo...

    "A menos que você faça uma pessoa se sentir culpada, você não
    consegue escravizá-la psicologicamente. E impossível aprisioná-la a
    uma certa ideologia, a um certo sistema de crença.
    Mas depois que você cria a culpa na mente da pessoa, toma tudo
    o que havia de coragem nela. Destrói tudo o que havia de aventureiro
    nela. Reprime todas as possibilidades de que ela seja, um dia, um
    indivíduo por seus próprios méritos.
    Com a idéia de culpa, você quase extirpa o potencial humano
    dessa pessoa. Ela nunca poderá ser independente. A culpa a forçará a
    depender de um messias, de um ensinamento religioso, de Deus, de
    conceitos de céu e inferno, de toda essa coisa.
    E para criar a culpa você só precisa de algo muito simples:
    comece a falar de erros, enganos — pecados."

    Por isso ficamos escravas dessa codependencia maluca.

    Amo você, beijos.

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  2. Minha bonequinha, vc sabe neh que depois disso td q escrevi aconteceram mais um milhão de coisas q deixei p contar depois. Justamente pq cutucar a ferida dói demais, mais como vc disse, fingir q nd aconteceu tbm n é legal. O melhor é colocarmos td p fora, desabafar e finalmente deixar td culpa de lado. Afinal, somos mulheres poderosas, nós ditamos ás regras, rs....

    Te amo mtão!!!

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  3. Olá Selena..
    Ah as histórias são sempre iguais, só mudam os personagens... Passei por algumas pequenas coisas que voce nos contou acima.
    É muito dificl conviver com um dependente quimico na ativa, já é dificil viver com um adicto em recuperação imagine um na ativa, é horrivel, eu sei bem o que é isso viu... Imagino como você deve ter se sentindo em toda essa situação.
    Bom, mas o que importa agora é que você esta cuidando de si mesma e esta seguindo sua vida, isso é o que importa, você já venceu!
    Bjus linda!

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  4. Oi amiga
    Que história semelhante a tantas hein!
    EU passei da co-dependência para a dependência, minha pior burrice foi achar que poderia ajuda-lo, no fim fiquei sem ele e com o vício.
    Se hoje tivesse a chance de ser apenas co-dep, não pensaria duas vezes em pular fora do barco, isso não é covardia, é questão de sobrevivência e amor próprio.
    Isso é o que eu faria e não uma crítica ou conselho viu? rsrs
    Deus te sustente nesta sua luta.

    Bjs.
    Tamujuntas ok.

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  5. É, agente só se reconhece como codependente depois muito sofrimento e muita dor, no começo, fazemos de tudo para ajudar, achando que nosso amor será capaz de fazer eles perceberem o que estão fazendo, demoramos para perceber que não é assim...
    Eu também decidi seguir em frente e sei bem o peso dessa decisão.
    Estamos juntas.
    Beijo grande

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  6. Muito obrigada meninas, é maravilhoso saber que temos pessoas especiais ao nosso lado, que nos entendem e nos dão forças. Realmente as histórias são sempre as mesmas, mudam apenas os personagens, nessa minha tragetória em relação a conviver com um DQ, conheci pessoas lindas, com histórias de vida iguais a minha, melhores, piores. Algumas ainda não conseguiram se libertar desse mal, outras batalharam e enfrentaram de frente a dor que tomar a decisão de seguir em frente causa.

    "Retorno da fênix", esse titulo já é maravilhoso por si só, "FÊNIX", o pássaro que retorna das cinzas. Tenho certeza que é isso que vc está buscando, seu grande retorno. Tenha força e mta fé sempre, acima de tudo queira estar bem, limpa e feliz.

    Estamos juntas sempre.

    Serenidade, só por hoje.

    Bjos, meninas!!!

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